MARY HELP É DESTAQUE NO JORNAL O GLOBO

POR RAPHAELA RIBAS

 

RIO – Imagine que você recebeu um chamado de última hora para um trabalho e não tem com quem deixar as crianças. Ou que a diarista contratada para a faxina não apareceu. Ou, ainda, que surgiu um vazamento. Você pode ligar para alguém pedindo referências, ou resolver tudo isso com alguns toques no celular.

Em uma realidade onde aplicativos para quase tudo — até para tentar casamento e alugar amigos, veja, só! — é, também, cada vez maior o número de opções criadas para facilitar a vida em casa. Faxina, babá, lavanderia, comida caseira, pintor, manicure… e por aí vai.

A maioria funciona como os demais apps já conhecidos: a empresa conecta você ao profissional mais próximo, de acordo com o serviço desejado. Para o morador, a segurança de uma empresa dando suporte; e para quem presta o serviço, menos risco de calote e a ampliação da rede de contatos.

Foi assim que o empresário André Figueiredo passou a contratar faxineiras para seu apartamento no Recreio.

— Cheguei à Mary Help pesquisando por facilidades para o dia a dia, quando vi que outras pessoas no meu condomínio usavam o aplicativo. Aí comecei a procurar comentários e avaliar as reclamações — conta ele, que já contratou, em outras plataformas, pintor e eletricista.

André diz que está acostumado com o mundo virtual, pois tem uma agência de marketing digital e, por tabela, clientes que não conhece pessoalmente.

Quem trouxe a franquia do Mary Help para o Rio foi a empresária Sabrina Capila, que hoje tem duas unidades físicas também. Ela conta que aqui a maior demanda é por faxineiras, apesar dos outros serviços oferecidos.

— A contratação é de oito horas e custa, em média, R$ 150. O morador pode escolher o que o profissional vai fazer, se apenas faxinar ou também passar e cozinhar no período.

Para ela, o maior desafio é que moradores e funcionários passem a ter uma ligação direta, sem o app. Mas ressalta os benefícios que mantêm os clientes.

— Nós oferecemos sempre a mesma qualidade e segurança porque checamos os dados e damos a garantia de que se o profissional marcado para o dia faltar, alguém irá. E o pagamento pode ser por cartão, também — explica.

Outro neste mesmo modelo é o Click Babá, que deve chegar ao Rio em janeiro. O aplicativo, que já funciona em São Paulo desde o ano, surgiu quando o casal Luciana Pereira e Taric Andrade teve necessidade de achar alguém para cuidar das filhas. Hoje, tem 120 babás e 4 mil famílias cadastradas. No celular, aparece a foto, referências e dados da profissional, que negocia o valor da hora diretamente com os pais.

Segundo Luciana, os pedidos são geralmente durante a semana, para que os pais possam ir a eventos de trabalho, quando estão em home office ou quando deixam as crianças com os avós.

 

MÉTODO UBER

 

Também foi a partir de uma necessidade pessoal que Eduardo L’Hotellier criou a plataforma GetNinjas, para conectar moradores a serviços domésticos, que vão desde reforma a aula particular.

— Percebi que o mercado de serviços era muito ruim. Ou o profissional não aparecia ou não tinha para quem reclamar. Foi então que tive a ideia — conta.

O app funciona como um pedido de carro pelo celular, em que o cliente informa o serviço desejado e a localização. A partir disso, os profissionais recebem um alerta e aceitam ou não. Para o cliente, são enviados três orçamentos, e a negociação é livre.

Diferentemente do aplicativo de babás, neste caso o pagamento é feito diretamente ao prestador do serviço, que paga um percentual a cada aceitação. Hoje, o app está disponível em quase todo o país e no Rio tem, aproximadamente, 40 mil profissionais cadastrados. O serviço mais pedido é o “marido de aluguel”, para aqueles pequenos reparos ou instalações.

 

SEGURANÇA NO SERVIDOR

 

Se por um lado o aplicativo é uma mão na roda, deixar um estranho entrar na sua casa ou se relacionar com desconhecidos pode ser desconfortável e até mesmo perigoso.

De forma geral, todos garantem que fazem uma seleção rígida de seus prestadores de serviço, com avaliação presencial, referências de trabalho, dados como CPF, RG e residência, além de treinamento e, em alguns casos, até ficha criminal, como no Click Babá.

— Pôr alguém dentro da sua casa é uma responsabilidade muito grande, por isso, o processo é bem rigoroso. Temos apenas 8% de aprovação. As babás e enfermeiros precisam ter um trabalho fixo fora para poder estar no grupo.

Tanto Luciana quanto L’Hotellier acreditam que a resistência à contratação de serviços online ainda é grande, ao contrário de outros países onde o serviço por horas é comum. Para ele, o problema já foi maior e existe mais pela questão cultural do que de segurança.

— As pessoas usavam classificados, e também não conheciam o profissional que ia à casa delas. Mas, porque é online, têm preconceito — diz.

Sabrina ressalta que é preciso pensar também na segurança do profissional e lembra que ter o cadastro do morador ajuda a evitar problemas, como inadimplência ou alguma situação irregular. Mas, para todos eles, o que faz toda a diferença são as avaliações dos dois lados, que equivalem ao boca a boca.

— Com outros aplicativos surgindo, os moradores passam a confiar mais. Até porque pelas avaliações é possível verificar se aquele profissional fez um bom serviço ou não. Se for ruim, não o chamam e, dependendo, ele é desligado do aplicativo — afirma L’Hotellier.

Muitas vezes o aplicativo surge de uma necessidade própria, mas em outras é apenas a partir de uma percepção.

Foi o caso da Lavanderia Express. Neste app (ou através do site), o morador diz o serviço que deseja — lavar e passar são os mais comuns — e se será por peça ou a quilo. Em 48 horas ele deixa a roupa suja na portaria e a pega limpa.

Segundo Bernardo Cubric, um dos sócios, a lavanderia é 24 horas e fica na Tijuca. Eles coletam durante o dia — sendo que há fretes gratuitos por bairros, conforme o dia —, lavam à noite e entregam no dia seguinte. A maior demanda parte de casais ou moradores que vivem sozinhos entre 30 e 50 anos, conta.

— A diferença entre lavanderias de bairro e online é que você entrega a roupa para uma pessoa e acha que ela vai cuidar, e quando é virtual, não sabe quem vai mexer. Mas é ilusão, porque quem recebe na lavanderia não costuma ser quem lava — diz Bernardo, sobre a resistência da compra por app.

Já para atendimento delivery de manicure, depilação ou massagem, Tallis Gomes, mesmo fundador da Easy Taxi, criou a Singu. A lógica da escolha é a mesma de motoristas particulares: escolhe quem estiver mais perto, a não ser que o cliente peça alguém específico, o que é possível desde que feito dias de antecedência.

O tempo médio para o profissional de beleza chegar ao local do pedido é de 2h30, enquanto o atendimento varia entre 40 minutos e 1h30.

Os preços variam e costumam ser altos (próximos aos praticados em shoppings). O serviço mais solicitado é de manicure, geralmente feito por mulheres jovens que trabalham e querem otimizar o tempo.