Tipos de franquia: conheça cada modelo e como escolher o melhor

O modelo de franchising — ou franquias — vem conquistando o coração dos brasileiros pela simplicidade de tirar o empreendimento do papel e também pela segurança de apostar em uma marca já consolidada no mercado. Mas você sabia que existem diversos tipos de franquia?

O caminho mais curto para ser dono do próprio negócio começa com a escolha de um tipo de franquia compatível com os objetivos do investidor. Veremos ao longo deste artigo o que são franquias e as diferentes modalidades que contribuem para a versatilidade do modelo.

Boa leitura!

O que é uma franquia?

O modelo de franquias que conhecemos hoje surgiu nos Estados Unidos na década de 60 e se tornou um grande sucesso em todo o mundo devido às suas características, que permitem a rápida expansão da marca e a criação de oportunidades de negócio de forma descentralizada para investidores interessados no segmento.

Juridicamente falando, a franquia nada mais é do que um contrato (franchising). De um lado, temos o franqueador, que cede os direitos de utilização da marca, produtos, serviços, tecnologia, publicidade e outros conhecimentos necessários para a realização da atividade empresarial.

Do outro lado, temos o franqueado, que recebe os direitos de utilização da marca, bem como toda a estrutura já pronta. Em contrapartida, ele realiza três pagamentos em favor do franqueado, que veremos com detalhes mais adiante.

A essa altura do campeonato, talvez você esteja se perguntando: “quais são as vantagens de abrir uma franquia”? Em outras palavras: por que o franqueado não começa um negócio do zero e o franqueador não abre dezenas ou centenas de filiais em todo o país?

A verdade é que, do ponto de vista do franqueador, pode ser interessante descentralizar a expansão do negócio, já que, assim, ele pode aumentar a penetração do seu nome, marca, produtos e serviços sem precisar juntar um montante elevado de recursos, ganhando na celeridade e saindo na frente da concorrência.

Para o franqueado, a grande vantagem é uma chance maior de êxito na atividade empresarial, já que ele passa a fazer parte de um time, que já possui uma marca de sucesso e um modelo de negócio testado e aprovado.

Vale lembrar que, de acordo com pesquisas do SEBRAE, cerca de 23% das empresas fecham as portas antes de completar dois anos de atividades.

Além disso, é uma ótima pedida para quem ainda não tem experiência com gestão de empresas. Como no modelo de franquias o franqueado recebe suporte, orientação e direcionamento do franqueado, ele acaba sendo uma boa porta de entrada para o mundo dos negócios.

Por que abrir uma franquia?

Qual é a motivação que leva uma pessoa física ou jurídica a investir em uma franquia? A verdade é que existem muitos motivos, e é justamente sobre isso que vamos falar agora.

A princípio, podemos pensar na franquia como uma das maneiras de aumentar a renda familiar. O mercado de trabalho mudou muito ao longo dos últimos anos e já é possível ver uma composição bem mais heterogênea de profissionais que trabalham por conta própria, ajudando cada vez mais no orçamento da família.

O país passa por tempos difíceis e, como resultado, a administração pública teve que cortar gastos, principalmente com novos concursos públicos. O setor privado já mostra sinais de recuperação, mas, mesmo assim, ainda é difícil encontrar vagas disponíveis para trabalhadores qualificados no mercado formal.

Diante desse cenário, muitas famílias estão apostando no negócio próprio. Uma das opções mais buscadas, é claro, é o modelo de franquia. Ele permite que uma pessoa sem muita experiência em gestão de empresas e sem o conhecimento técnico possa abrir um negócio competitivo no mercado.

Portanto, o investimento em franquias pode ser uma segunda renda da família, mas também não podemos deixar de falar na segurança que ele proporciona.

Em tempos de turbulência econômica, possuir uma franquia representa diversificação de fontes de renda. É sempre bom não depender apenas do salário, afinal, todos sabemos como termina a história quando colocamos todos os ovos em uma única cesta, não é mesmo?

Além disso, não podemos nos esquecer de que o franqueado recebe ajuda do franqueador no que diz respeito à padronização do ponto comercial, ações de marketing e suporte para produtos e serviços, mas isso não significa que ele não tenha liberdade para gerir o negócio.

Investindo em um modelo de franquias, você será dono do próprio negócio e, portanto, poderá organizar a gestão da empresa da forma mais eficiente na sua região e de modo a oferecer sempre o melhor para a sua clientela.

Ademais, você poderá organizar sua própria agenda, fazendo com que a dedicação ao trabalho possa se flexibilizar com outros compromissos pessoais ou profissionais.

Podemos dizer, inclusive, que com o passar do tempo o franqueado poderá dedicar cada vez menos atenção à franquia, já que a tendência é que ele organize uma equipe de confiança, descentralizando a administração do negócio.

Por isso, é bastante comum encontrarmos franqueados que tomaram gosto pela experiência e decidiram reinvestir seus rendimentos em outras unidades da mesma franquia.

Quanto investir em uma franquia?

É claro que para poder contar com toda a estrutura do negócio já pronta, o franqueado deve adquirir os direitos de utilização, do nome, da marca e também o know-how sobre como gerir a empresa.

Comprar uma franquia significa que o franqueador já investiu muitos recursos para o benefício de toda a cadeia. Portanto, o “preço da franquia”, mais conhecido como taxa de franquia, representa esse valor inicial que tem por objetivo ressarcir o franqueador das despesas que ele teve com a franquia.

Em seguida, temos os royalties, que geralmente são calculados com base no faturamento mensal do franqueado. Esse método de cálculo é interessante por conta da sua flexibilidade, permitindo que o franqueado pague valores bem menores, caso, por algum motivo, não venha a ter um faturamento expressivo.

Por fim, temos a chamada taxa de marketing, um fundo formado a partir de contribuições de todos os franqueados em todo o país. Esse fundo é administrado pelo franqueador e é utilizado para financiar campanhas de publicidade e estratégias de marketing, o que trará benefícios a todos os franqueados e também à rede como um todo.

A dica aqui é ler o contrato de franchising com toda a atenção — e não apenas olhar o valor da taxa de franquia, já que ignorar a contribuição para o fundo de marketing e os royalties certamente causará uma distorção na expectativa de rendimentos.

Quanto aos valores nominais, é bastante difícil tentar estipular um padrão de quanto deve ser investido em uma franquia. Isso depende de um conjunto complexo de fatores, como a localização, o porte e o próprio valor de uma marca que goza de boa reputação perante o público em geral (resultado, é claro, de muito trabalho e investimentos realizados pelo franqueador e demais franqueados).

Quais são os diferentes tipos de franquias?

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as vantagens do investimento e sobre como funcionam as franquias, é hora de falarmos um pouco mais sobre os diferentes tipos de franquia disponíveis no mercado brasileiro.

Escolher o tipo certo de franquia para o perfil do investidor é uma das chaves para o sucesso do empreendimento. Nesse sentido, é preciso avaliar dois quesitos fundamentais: a afinidade do franqueado com o tipo de negócio e o tipo de relacionamento que ele quer ter com o franqueador.

A seguir, listamos alguns tipos diferentes de franquias para que você possa se orientar melhor.

Franquia industrial

Como o próprio nome já sugere, franquia industrial é aquela em que o franqueador é o dono de um sistema de produção e decide ceder os direitos de utilização do seu nome, marca e também o know-how necessário para a fabricação do produto para um terceiro, que será responsável pela expansão do negócio, fabricando o produto em determinada região.

Imagine, por exemplo, uma empresa que fabrica motocicletas e teve a demanda pelos seus produtos dobrada em um ano. Imagine ainda que, diante da nova demanda, será necessário construir outra fábrica.

Até aqui estamos indo bem, no entanto, pode ser que a empresa não tenha capital próprio suficiente para acompanhar o rápido crescimento do modelo de negócios. É tudo uma questão de respeitar o timing do empreendimento! É aí que a parceria se torna vantajosa.

É possível expandir e continuar crescendo, conquistando cada vez mais clientes e aumentando cada vez mais a penetração da marca e a capilaridade dos produtos, mesmo sem precisar desembolsar recursos próprios. É justamente para garantir que isso ocorra que a franquia industrial se apresenta como uma opção para o gestor.

O franqueado, por sua vez, se beneficia porque recebe o modelo de negócio pronto, sem precisar passar anos realizando pesquisas, testes e protótipos, tirando certificados e resolvendo burocracias para colocar o produto nas prateleiras.

De forma geral, as franquias industriais são criadas por empresas de grande porte e exigem investimentos mais altos e, por isso, são consideradas menos acessíveis. Além disso, na maior parte dos casos há também uma cláusula que obriga o franqueado a manter sigilo no que se refere aos segredos industriais. É o que acontece com as fórmulas de refrigerantes, por exemplo.

Franquia comercial

As franquias comerciais são as mais populares no mercado brasileiro e representam os negócios que se envolvem apenas na venda, e não na fabricação de mercadorias.

O modelo de franquia comercial pode ser dividido em duas categorias:

  • franquia de produto: nesse modelo, também chamado de franquia de distribuição, o franqueado se ocupa apenas em vender produtos que são fabricados pelo franqueador;
  • franquia comercial de serviço: nessa franquia, a mais popular entre as duas, o franqueador coloca serviços à disposição do franqueado, como treinamentos em gestão, operações, manuseio de equipamentos e atendimento ao público, além de apoio na hora de escolher o ponto comercial ideal e manter o padrão de qualidade da marca.

A segunda opção é a melhor pedida para quem não tem profunda experiência no mundo dos negócios, pois o empreendedor pode contar com o suporte e com a estrutura fornecida pelo franqueador.

Franquias de prestação de serviços

Antes de qualquer outra coisa, vale destacar que “franquia comercial de serviço” (que acabamos de ver no tópico anterior) e “franquia de prestação de serviços” não são expressões sinônimas.

O primeiro termo refere-se a uma característica do relacionamento entre o franqueado e o franqueador, isto é: se o franqueado poderá ou não contar com serviços a serem prestados pelo franqueador.

No segundo caso, estamos falando de uma característica do relacionamento existente entre o franqueado e o consumidor final dos serviços que estão sendo oferecidos.

Ao contrário das franquias ligadas ao comércio que vimos no tópico anterior, as prestadoras de serviço não têm como atividade principal a comercialização de produtos ou mercadorias, tais como geladeiras ou leite em pó.

Como o próprio nome já indica, o carro-chefe aqui é a prestação de serviços. Estamos falando de restaurantes, bares, salões de beleza, lavanderias, casas de festas, clubes, locadoras de veículos e também profissionais autônomos, como advogados, contadores, diaristas, babás, entre muitos outros.

Franquias de agenciamento de funcionários

Um bom exemplo de franquias de prestação de serviços é o caso das que fornecem mão de obra terceirizada para empresas e famílias que precisam de serviços de apoio, como a Mary Help. Entre as opções estão profissionais como diaristas, cozinheiros, babás, cuidadores de idosos, garçons e copeiros.

As empresas não apenas fazem a ponte com o prestador de serviço, como também oferecem suporte ao longo de toda a transação, inclusive no que diz respeito à celebração do contrato.

Além disso, as empresas também oferecem serviços de recrutamento e seleção de profissionais mensalistas e, é claro, terceirização de mão de obra, para que seus clientes não tenham mais que se preocupar com detalhes da execução dos serviços contratados.

Franquias individuais

Franquia individual é aquela em que o ponto comercial é escolhido específica e exclusivamente para determinado tipo de franquia. Em outras palavras, é uma única loja que não divide o seu espaço físico com nenhuma outra loja ou marca. Trata-se do modelo clássico de franquia.

Franquias de conversão

A franquia de conversão é ideal para os negócios que já funcionam no ramo, mas desejam juntar forças com uma rede de franquias que possua uma marca bem estabelecida no mercado e estratégias de marketing avançadas.

Podemos pensar, por exemplo, em um cinema com dificuldade de competir em termos de tecnologia e comodidade para os clientes. A ideia é que esse negócio reverta seu quadro convertendo-se em uma franquia, daí o nome.

Franquia combinada

Outra modalidade disponível para o investidor brasileiro é a chamada franquia combinada, que permite ao administrador da franquia estabelecer duas ou mais marcas dentro de um mesmo ponto comercial.

Isso só pode acontecer, no entanto, com a concordância do franqueador, e geralmente aparece como possibilidade em pacotes oferecidos por grupos que detêm marcas diferentes dentro do mesmo segmento.

A vantagem para o franqueador, é claro, é vender duas ou três franquias em vez de só uma. A vantagem para o franqueado é poder investir em duas ou três franquias por um valor bem mais baixo. Além disso, ele aposta na diversidade, o que, por sua vez, tende a aumentar o público atraído para a loja.

Ademais, muitos gastos, como as contas de luz, água, gás e internet também podem ser divididos, fazendo com que tenham um peso bem menor no passivo de cada franquia individualmente considerada.

Microfranquias

As microfranquias, também conhecidas como franquias de miniunidades, são uma modalidade de franquia individual, no entanto, o ponto comercial é versátil a ponto de permitir outras pequenas atividades.

É o que acontece, por exemplo, com um carrinho de pães de queijo no estacionamento de um supermercado. Outro exemplo seria um stand de serviços de manobrista em um restaurante ou casa noturna.

São serviços ou produtos que complementam uns aos outros, trazendo benefícios para ambos e também, é claro, para o cliente.

Franquia shop in shop

A expressão inglesa “shop in shop” significa algo como uma loja dentro de outra loja. Nesse caso, o empresário dono do estabelecimento decide conceder um espaço para que outra empresa venda seus produtos ou ofereça seus serviços dentro de sua loja comercial.

É claro que nesse tipo de franquia, normalmente, as empresas são de ramos diferentes para que não passem a competir uma com a outra. É o que acontece, por exemplo, com um restaurante dentro de um edifício comercial ou uma lavanderia dentro de um hotel.

Afinal, quais são meus riscos?

A verdade é que qualquer tipo de investimento ou empreendimento envolve um risco. Portanto, a grande vantagem do modelo de franquias não é eliminar completamente os riscos, mas diminuí-los.

Os riscos diminuem porque se investe em um negócio que já foi testado e aprovado pelo público. Além disso, a marca em questão já tem uma penetração razoável em meio ao público e uma estrutura capaz de passar segurança para o consumidor.

No entanto, ainda assim, não podemos negar o fato de que o risco existe. É possível, por exemplo, que não se tenha a demanda esperada pelo produto ou serviço em questão em determinada localidade ou em determinados períodos, fazendo com que o faturamento fique aquém do esperado.

O que evitar ao escolher uma franquia?

Que as franquias são um modelo vantajoso nós já sabemos, mas, assim como em qualquer outro tipo de negócio, também devemos tomar alguns cuidados antes de optar por um tipo de franquia.

O primeiro passo para não tomar decisões erradas com franquias é estabelecer quais são os seus objetivos ao criar um negócio. Quando queremos realizar um investimento, por exemplo, estamos interessados na rentabilidade de nossas aplicações, certo?

Nesse caso, é preciso analisar os dados friamente e não se deixar levar por outros fatores que não colaborarão para o alcance dos objetivos.

Em outras palavras, é preciso evitar pagar caro demais por um nome. Já pensou comprar a franquia mais famosa do ramo e depois descobrir que ela não dá assistência alguma a seus franqueados? Ou então comprar uma franquia e descobrir que o produto ou serviço oferecido foi apenas uma moda que gerou uma bolha no mercado?

Tome cuidado também com as redes de franchising que ainda não possuem lojas abertas (nem mesmo para servir de modelo), já que isso significa que aquele negócio ainda não foi testado pelo usuário na prática, o que aumenta significativamente as chances de que o produto ou serviço não seja bem recepcionado pelo público.

Outra situação que deve acender todos os alertas no interessado são os contratos muito curtos ou então os que apresentam uma linguagem confusa e incompreensível. Também é bom ficar atento aos franqueadores que prometem resultados mágicos em pouquíssimo tempo.

Por fim, procure conversar com outros franqueados para saber se estão satisfeitos com o relacionamento e a parceria com a rede franqueadora. Nada substitui uma boa conversa com quem mais entende do assunto: os empreendedores que vivem a franquia no dia a dia!

Outra dica valiosa sobre o que não fazer no momento de escolher o tipo ideal de franquia é pensar somente no retorno (embora também não possamos desconsiderá-lo nem por um único segundo).

O que estamos querendo dizer é que é importante que você escolha uma área de atividades que esteja dentro do seu espectro de interesses. Vale lembrar que essa afinidade com a atividade em que a franquia se insere permite que você possa trabalhar mais motivado e, consequentemente, gerir melhor os negócios.

Em suma, como pudemos ver, existem tipos de franquia para todos os gostos. O investidor que opta pelo modelo de franchising pode, por exemplo, escolher entre diversas formas de se relacionar com o franqueador. Além disso, pode optar por ter um ponto comercial apenas para si ou dividi-lo com outra franquia, sua ou não.

Essa versatilidade foi um dos principais fatores responsáveis pelo grande crescimento do modelo ao longo dos últimos anos no Brasil. Outros fatores que também podemos citar são a qualidade de vida proporcionada pelo próprio negócio e a segurança do investimento.

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